Luna Costa
Paulistana criada na 416 norte em Brasília, filha de Valéria, uma jornalista virginiana
poderosíssima, e um repórter fotográfico de olhos atentos, sempre fui incentivada
e desenvolver um olhar crítico e apurado sobre tudo ao meu redor.
Como tantas outras pessoas pretas, via no estudo a única solução de ascensão, então
desde muito nova estudei para conseguir e manter bolsa em escola particular, para que
eu pudesse sonhar com o ingresso em uma universidade pública, que veio em 2014
no curso de Têxtil e Moda na USP, motivo pelo qual retornei a minha cidade natal, que
mesmo nos anos morando em Brasília me causava fascínio, durante as visitas anuais à família.
A costura e a arte sempre me foi um recurso de expressão, mas foi só no caos de 2020, que além de viver as dores de uma pandemia como toda a população mundial, eu me resgatava após um relacionamento abusivo que durou pouco mais de 4 anos e se encerrou sob a guarda de uma medida protetiva, que retomei minha produção artística em casa, e dessa vez também nos muros cinza da cidade.
Foi criando a I.una que me reencontrei em mim e resgatei no meu grito silencioso de minhas expressões artísticas, o sentido de estar nesse mundo e ter vivido o que vivi.
Que seria, além de exercer meu poder de artista em materializar minha sensibilidade, mas ser um espelho para outras manas pretas; mostrando que somos SIM capazes de produzir arte, apesar das incontáveis limitações que essa sociedade racista e misógina nos impõe.
Já me fizeram acreditar do contrário, e minha missão é fazer com que cada vez mais manas pretas não se paralisem com esse sentimento que nos faz queimar por dentro.